13/12/2013

História do materialismo ‒ Cap. II: dos jônios a Demócrito (parte 4)


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Pelo fato de que eles [Parmênides e Melisso] sustentavam que não há nada no mundo além da substância das coisas sensíveis, e de que eles haviam suposto, pela primeira vez, que a existência de naturezas imutáveis era necessária para que o conhecimento ou o pensamento fossem possíveis, eles transferiram para os objetos sensíveis as teorias que aplicavam inicialmente aos seres imutáveis.

Aristóteles


4. Parmênides e a escola eleática

Parmênides (c. 515 a.C. – c. 450 a.C.), natural da cidade grega de Eleia, no sul da Itália, foi autor de um poema filosófico (intitulado Sobre a natureza) que constitui um divisor de águas na especulação helênica. Os intérpretes dividem-se a respeito da questão de se saber se o poema é um mero expediente literário ou se foi escrito com a intenção de relatar uma experiência religiosa real. Nele, uma deusa de identidade incerta revela a Parmênides a distinção entre o conhecimento verdadeiro e as opiniões ilusórias dos mortais ignorantes. Guthrie é do parecer de que Heráclito é um alvo privilegiado da crítica parmenidiana, mas devemos ter em mente que ela é extensiva ao senso comum como um todo. (1)

De acordo com os eleatas, nada há no Universo além de uma massa de matéria ingênita, imperecível, imóvel, imutável e perfeitamente homogênea. Com base numa reflexão rigorosa e intransigente acerca do significado do verbo ser, Parmênides e seus seguidores relegam o devir e a pluralidade ao plano das ilusões dos sentidos: “o ser é, e o nada, ao contrário, nada é”. (2) Em outras palavras, a contradição é impensável, ou seja, irracional: Parmênides admite que “pensar e ser é o mesmo”. (3) Depreende-se daí que Parmênides formula implicitamente as leis lógicas que seriam enunciadas mais tarde por Aristóteles. Conforme Tankha,

Ao promover a disjunção radical entre “é” e “não-é”, Parmênides parece apoiar-se no princípio de não-contradição, o qual enuncia que nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo respeito (onde “ser e não ser” podem ser entendidos tanto no sentido predicativo como no sentido existencial). Não há uma enunciação explícita desse princípio em Parmênides, mas ele é o raciocínio por trás de todo o seu argumento. (4)

Ao fundar o discurso verdadeiro sobre as leis da lógica, Parmênides fornece à filosofia uma sustentação cuja solidez não poderia ser sensatamente posta em causa. Pensemos no fato de que até mesmo o arquicético Descartes encontrou um limite para a dúvida hiperbólica ao contemplar, em conjunto com o cogito, as ideias lógicas e matemáticas. Com efeito, toda tentativa de impugnar a lógica pressupõe necessariamente a própria lógica. (5)

Há fortes indícios de que os eleatas professavam o materialismo (em sentido lato). (6) Parmênides compara o ser a uma esfera perfeita, e Melisso de Samos não deixa dúvidas ao incluir a magnitude espacial ilimitada entre seus atributos. Ademais, como mostrou Guthrie, a incorporeidade defendida por Melisso em outra parte não deve ser confundida com a imaterialidade estrita, pois, para os gregos da época, um ser espacialmente ilimitado era considerado incorpóreo. (7) Assim, podemos compreender mais uma vez a índole materialista do pensamento pré-socrático. De fato, a introdução do conceito estrito (metafísico) de imaterialidade pertence à filosofia platônica.

Todavia, alguns exegetas aventurosos opõem-se à leitura materialista do poema de Parmênides e à interpretação literal da comparação entre o ser e uma esfera maciça, ignorando as evidências em contrário: Parmênides introduz a comparação com a frase “Porque dotado de um último limite [...]”, (8) a qual sugere que o ser possui limites espaciais, não sem afirmar em seguida que “não poderia ser maior ou menor aqui ou ali”; (9) e Melisso declarou em termos inequívocos que o ser é espacialmente ilimitado, o que indicaria uma emenda à doutrina de Parmênides. Ora, teria cabimento a imputação de uma heresia materialista ao discípulo de Parmênides, simplesmente porque isso equivaleria à interpretação literal das palavras do mestre? Notemos ainda que a esfera cósmica de Empédocles, de nítida inspiração parmenidiana, é indubitavelmente concebida como composta de matéria, e que o materialismo do fundador da escola eleática é admitido por Aristóteles:

Pelo fato de que eles [Parmênides e Melisso] sustentavam que não há nada no mundo além da substância das coisas sensíveis, e de que eles haviam suposto, pela primeira vez, que a existência de naturezas imutáveis era necessária para que o conhecimento ou o pensamento fossem possíveis, eles transferiram para os objetos sensíveis as teorias que aplicavam inicialmente aos seres imutáveis. (10)

Mas a importância decisiva da escola eleática para a história do materialismo não decorre da admissão irrefletida de uma ontologia materialista, já que Parmênides e seus seguidores não ofereceram nenhuma justificação filosófica da crença no mundo material como a única realidade. Para a cosmovisão materialista, um princípio eleático pleno de valor filosófico é aquele segundo o qual a gênese absoluta é logicamente impossível. Posteriormente, a partir de Lucrécio, esse princípio lógico ficou conhecido pela frase latina ex nihilo nihil fit. (11) Trata-se indubitavelmente de uma aquisição perene do espírito filosófico. Com efeito, somos obrigados a conceder que um surgimento a partir do nada seria um atentado à lei de não contradição: repugna à razão admitir uma realidade intermediária entre o ser e o não ser “Uma vez que a noção de ‘gênese’ só pode significar uma mistura de ser e de não ser, ela envolve uma contradição; portanto, o vir a ser não pode existir”. (12) Numa palavra, Parmênides roga que se leve em conta o fato logicamente inegável de que o nada não poderia conter sequer um grão de ser. De modo simétrico, decorre daí o princípio correlato que proíbe a aniquilação de qualquer entidade. Os dois axiomas podem ser considerados versões a priori das leis físicas da conservação da massa e da energia. (13) Ora, não é difícil compreender a importância dessas leis para o materialismo: o pensamento de Parmênides contém uma magnífica refutação do argumento cosmológico para a existência de Deus (uma vez que a ideia de criação do mundo era estranha ao espírito grego, seria mais exato dizer que tal refutação está contida em potência no eleatismo). O materialismo do século XIX teve plena consciência desse fato. O axioma originário de Parmênides, com efeito, consiste num dos princípios fundamentais do pensamento de Büchner:

A imortalidade da matéria é hoje um fato cientificamente estabelecido, e não pode mais ser contestado. É interessante saber, também, que os primeiros filósofos tiveram um conhecimento dessa verdade plena de consequências, embora ela não tivesse sido estabelecida de modo tão claro até então, pois as provas verdadeiras só puderam ser fornecidas por nossas balanças e retortas. (14)

Em sua menção aos filósofos antigos, é provável que Büchner tivesse em mente os eleatas e seus continuadores pluralistas (Empédocles, Anaxágoras e os atomistas). No entanto, observemos que, embora a ciência moderna confirme indutivamente o axioma ex nihilo nihil fit, um enunciado a priori baseado na lei de não contradição prescinde totalmente de uma comprovação empírica. Certamente, nossas balanças e retortas jamais poderiam fornecer um desmentido a um princípio puramente lógico. É supérfluo dizer, portanto, que a filosofia eleática tenha sido de algum modo aperfeiçoada pelas demonstrações estequiométricas de Lavoisier e pela enunciação da primeira lei da termodinâmica.

Mas os cientistas, muitas vezes, não estão atentos à natureza apodítica dos princípios lógicos. Após uma carreira gloriosa no âmbito do materialismo, o axioma adamantino dos eleatas foi levianamente contestado por alguns cosmólogos a partir de 1973, ano da publicação do artigo do norte-americano Edward Tryon, É o Universo uma flutuação do vácuo? Lawrence Krauss, que parece ser atualmente o representante mais popular dessa escola, argumenta que o Universo pode ter surgido como uma flutuação aleatória no vácuo quântico. Krauss é autor do best-seller Um Universo a partir do nada, publicado pela primeira vez em 2012, em cujo posfácio Richard Dawkins escreve, com poesia: “Partículas e antipartículas lampejam e desaparecem da existência como vaga-lumes subatômicos, aniquilando-se mutuamente, e então se recriando pelo processo inverso, a partir do nada”. (15)

O problema, como apontou o físico e filósofo David Albert numa resenha altamente depreciativa publicada no The New York Times, é que o “nada” quântico de que fala Krauss é uma configuração material específica: “Os estados de vácuo da teoria relativística quântica de campos – não menos do que girafas, refrigeradores ou sistemas solares – são arranjos particulares de um material físico elementar”. (16) Atualmente, a física considera que os campos quânticos são os constituintes básicos do Universo, ou seja, uma forma elementar de matéria. Um campo é chamado de vazio quando não contém partículas (quanta). Diferentemente da representação usual dos livros didáticos, as partículas elementares não são como minúsculas bolas de bilhar, mas perturbações dos campos, de modo que o vácuo quântico, longe de ser idêntico à ausência de qualquer forma de matéria, é um estado específico de um substrato material. Assim como Albert, Mario Bunge é taxativo ao denunciar o palavreado desorientador de alguns físicos:

O vácuo a que se referem as teorias do campo quântico é o campo em seu estado de energia estacionário mais baixo. Quando o campo está nesse estado ele não deixa de ser um campo: apenas, ele não tem quanta (fótons no caso eletrodinâmico). Assim, é uma hipótese da eletrodinâmica quântica que, embora possa não haver matéria eletricamente carregada numa dada região do espaço, há sempre um campo eletromagnético – o campo zero ou background flutuante sempre presente. (17)

O fato é que, independentemente da evidência empírica aduzida por físicos como Bunge e Albert, a hipótese de Krauss infringe as normas da lógica (desde que, obviamente, o “nada” seja entendido como a ausência absoluta de um substrato material). Não pretendemos dizer que o evento conhecido como big bang é uma ficção; muito pelo contrário, todos os dados apontam para uma infância quente e densa do nosso universo. Tampouco conhecemos todos os detalhes do processo que deu origem ao nosso universo particular (também chamado de universo visível), ou do período que antecedeu esse processo, e assumimos que muitos elementos dos cenários atualmente propostos pelos cosmólogos são selvagemente especulativos. Mas uma coisa é certa: a vigência do princípio de não contradição impede que o big bang seja a origem da matéria em geral. Não necessitamos de um conhecimento cosmológico aprofundado, mas apenas de um pouco de atenção às verdades lógicas básicas, para rejeitarmos as interpretações aberrantes da teoria do big bang. Assim, o axioma eleático, incontestado pela moderna cosmologia, implica na admissão de uma das teses materialistas mais insignes: a da eternidade do Universo. David Mills conclui, em Universo ateísta:

Se a massa-energia não pode ser criada nem destruída, e se o Universo é inteiramente composto de massa-energia, então a lei da conservação da massa-energia pode ser extrapolada para esta conclusão surpreendente: o Universo, numa forma ou noutra, numa densidade ou noutra, sempre existiu. (18)

No entanto, se adotamos o princípio da caridade, a tese de Krauss aparece sob uma luz mais favorável. Temos a impressão de que ele e seus consortes defendem uma versão empírica (ou seja, logicamente possível) do conceito de geração ex nihilo – algo compreensível em se tratando de um empreendimento científico. Ao mesmo tempo, sabemos que o vácuo quântico é estruturalmente incapaz de explicar a origem da matéria em geral. Certamente, é correto dizer que o vácuo quântico não tem partículas. Assim, se nossa definição de matéria corresponde à definição de matéria particulada, temos razão em acreditar que nosso universo pode ser, caso a tese de Krauss esteja correta, um produto de uma flutuação aleatória do “nada”. Neste caso, agiríamos como os partidários do dualismo materialista, os quais afirmam que o corpo astral é uma entidade “imaterial”, ou seja, distinta da matéria mais densa. Toda polêmica suscitada pelo livro de Krauss é oriunda de um quiproquó ocasionado pela equivocação da palavra “nada”. Os detratores de Krauss têm razão quando asseveram que as flutuações do vácuo passam longe daquilo que teólogos e filósofos metafísicos entendem por creatio ex nihilo; e Krauss tem razão quando trabalha com o único conceito de “gênese” capaz de integrar um sistema de conhecimentos científicos, qual seja, aquele que implica a preexistência de alguma forma de matéria, ainda que essa matéria seja um vácuo desprovido de partículas. “Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, reza a máxima de Lavoisier.

Consequentemente, a filosofia de Parmênides fornece-nos uma prova de que o Deus judaico-cristão-islâmico não existe. Se a ideia de criação absoluta é contraditória, e se Deus não pode fazer aquilo que é logicamente impossível, então um Deus definido como criador do Universo não pode existir.

Mas, com base na constatação de que o trânsito entre o ser e o não ser é uma impossibilidade lógica, os eleatas sequer puderam aceitar o fato de que a matéria está sujeita a transformações, em que pese o espetáculo do devir que se apresenta à vista de todos. Zenão de Eleia entrou para a história como o pensador que formulou uma série de paradoxos para defender as teses violentamente contraintuitivas de seu mestre, Parmênides. Os mais famosos desses paradoxos têm o propósito de mostrar que o movimento é impossível. Se o espaço é infinitamente divisível, argumenta Zenão, um móvel jamais poderia atravessar uma dada distância. Pois há uma série infinita de pontos intermediários que o móvel teria de transpor antes de chegar ao seu destino.

A conclusão dos argumentos de Zenão, evidentemente, é falsa. Nem mesmo o cético mais pertinaz seria capaz de negar o fato de que o movimento é verdadeiro. Os eleatas compreendem a ilusão de um modo um tanto ingênuo, como se o pensamento ilusório fosse absolutamente desprovido de uma verdade imanente. (19) Cogito, ergo sum; e nossos pensamentos, com efeito, têm o caráter de um fluxo. Mas como explicar o movimento, uma vez assumida a falsidade da conclusão eleática? Temos aí uma quaestio vexata totalmente distinta. Diversas soluções foram e continuam a ser propostas aos paradoxos de Zenão. A mais conhecida é a de Aristóteles, baseada na noção de infinito potencial e posteriormente retomada por Kant na solução da segunda antinomia cosmológica.

Não obstante a rejeição peremptória do movimento e da mudança, a segunda parte do poema de Parmênides é inteiramente dedicada à elaboração de uma cosmogonia ao estilo jônico, na qual todos os fenômenos são oriundos da interação de dois elementos contrários, o fogo e a noite. (20) No entanto, se o mundo da pluralidade e do devir é apenas uma ilusão, então a cosmologia proposta por Parmênides é uma ciência desvinculada da realidade. Pergunta-se, assim, por que a segunda metade de seu poema foi escrita com a intenção de apresentar uma filosofia reconhecidamente enganosa. Talvez Nietzsche tenha fornecido a resposta mais razoável e natural a esse enigma: a existência de um texto dedicado ao “caminho da opinião” deveria ser atribuída a um resquício de estima paternal por uma teoria formulada na juventude do filósofo. Realmente, segundo Parmênides, apenas o caminho do ser estático conduz à verdade; mas, se decidimos contemplar o domínio das opiniões falazes, a cosmogonia da luz e das sombras desponta como a melhor alternativa. (21)


Bibliografia

ARISTÓTELES. Traité du ciel. Paris: Ladrange/A. Durand, 1866.

BARNES, J. Filósofos pré-socráticos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BÜCHNER, L. Force and Matter. Londres: Trübner & Co., 1864.

BUNGE, M. Treatise on Basic Philosophy. Volume III. Ontology I: The Furniture of the World. Dordrecht: D. Reidel, 1977.

GUTHRIE, W. K. C. A History of Greek Philosophy. Vol. II: The Presocratic Tradition from Parmenides to Democritus. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

HENN, M. J. Parmenides of Elea. A Verse Translation with Interpretative Essays and Commentary to the Text. Westport: Greenwood Publishing Group, 2003.

KRAUSS, L. A Universe from Nothing. Nova York: Free Press, 2012.

LUCRÉCIO, T. C. De rerum natura. Madison, Wisconsin: The University of Wisconsin Press, 2008.

McCOY, J. Introduction. In: McCOY, J. (Ed.). Early Greek Philosophy. The Presocratics and the Emergence of Reason. [S. l.]: The Catholic University of America Press, 2013.

MILLER, P. L. Becoming God. Pure Reason in Early Greek Philosophy. Londres: Continuum, 2011.

MILLS, D. Atheist Universe. Berkeley: Ulysses Press, 2006.

NAGEL, T. A última palavra. São Paulo: Unesp, 2001.

NIETZSCHE, F. Philosophy in the Tragic Age of the Greeks. Washington: Regnery Publishing, 1998.

TANKHA, V. Ancient Greek Philosophy. Thales to Gorgias. Deli: Longman, 2006.


Notas (Clique pra voltar ao texto)

(1) A History of Greek Philosophy. Vol. II: The Presocratic Tradition from Parmenides to Democritus, p. 24.

(2) Apud G. BORNHEIM (org.), Os filósofos pré-socráticos, p. 55.

(3) Ibid.

(4) Ancient Greek Philosophy. Thales to Gorgias, pp. 141-142.

(5) Para contrariar a tendência relativista de boa parte do pensamento contemporâneo, Thomas Nagel retoma um aspecto imorredouro da filosofia cartesiana: “Os mais simples desses pensamentos [lógicos e matemáticos] são imunes à dúvida. Seja o que for que sejamos capazes de pensar como diferente, incluindo a possibilidade de nós próprios sermos incapazes de pensar que 2 + 2 = 4, nada disso permitiria admitir a mais longínqua possibilidade de que aquela proposição deixasse de ser verdadeira, ou de que seria verdadeira apenas em alguma acepção restrita”. Cf. A última palavra, p. 68.

(6) Algumas evidências sugerem que os eleatas concebiam a matéria como dotada de atributos psicológicos irredutíveis ao desenvolvimento do Universo: Aécio afirma que, de acordo com Parmênides, o ser é Deus (apud P. L. Miller, Becoming God. Pure Reason in early Greek Philosophy, p. 51); Melisso nega que o ser possa sentir dor ou aflição, indicando tratar-se de uma entidade senciente (se pretendesse negar a senciência em geral, é mais provável que Melisso não tivesse mencionado certos sentimentos específicos); enfim, como explica Miller, seria inverossímil que a concepção eleática destoasse do meio intelectual em que se desenvolveu, “um meio que admitia como certa a presença ubíqua da inteligência divina” (Ibid., p. 51). Tudo leva a crer, portanto, que os eleatas professavam o panteísmo materialista.

(7) A History of Greek Philosophy. Vol. II: The Presocratic Tradition from Parmenides to Democritus, p. 111.

(8) Apud G. BORNHEIM (org.), Os filósofos pré-socráticos, p. 56.

(9) Ibid.

(10) Traité du ciel, Livro III, cap. I, par. 2.

(11) A frase encontrada em Lucrécio é nil posse creari de Nilo (De rerum natura, I, 155-156). A expressão ex nihilo nihil fit, ao que tudo indica, é de cunhagem posterior.

(12) J. McCOY, Introduction. In: McCOY, J. (Ed.). Early Greek Philosophy. The Presocratics and the Emergence of Reason, p. xx.

(13) “Parmênides […] antecipa a Lei da Conservação da Matéria tal como ela foi conhecida séculos depois por Epicuro: não é possível que algo venha a ser do nada; ou, dito de outro modo: a quantidade total de matéria e de energia do Universo permanece constante a despeito de qualquer mudança física aparente entre as coisas que são”. Cf. M. J. HENN, Parmenides of Elea. A Verse Translation with Interpretative Essays and Commentary to the Text, p. 92.

(14) Force and Matter, p. 13.

(15) In: L. KRAUSS. A Universe from Nothing, p. 189.

(16) On the Origin of Everything, 23 de março de 2012.

(17) Treatise on Basic Philosophy. Volume III. Ontology I: The Furniture of the World, p. 159.

(18) Atheist Universe, p. 74. Um empirista consequente poderia levantar objeções justificadas contra a admissão de um tempo infinitamente longo. Como mostrou Kant na exposição da primeira antinomia cosmológica, tanto os partidários da tese da eternidade do mundo como seus oponentes assumem equivocadamente que a totalidade do mundo é um objeto sensível. De todo modo, Kant considerou legítima a utilização de um conceito empírico ou científico de infinito: trata-se do infinito potencial, o qual deve ser distinguido do infinito atual. Em outras palavras, podemos sempre retroceder na série dos fenômenos temporais, mas não podemos afirmar que o Universo teve um início há um tempo infinito.

(19) F. NIETZSCHE, Philosophy in the Tragic Age of the Greeks, cap. XIII, p. 88.

(20) “Parmênides [...] compôs uma cosmologia e, misturando o luminoso e o sombrio como elementos, produz a partir e através deles todos os fenômenos. Muito tem a dizer sobre a terra, o céu, a lua e as estrelas, além de possuir um relato sobre as origens do homem”. PLUTARCO apud J. BARNES, Filósofos pré-socráticos, p. 159.

(21) F. NIETZSCHE, Philosophy in the Tragic Age of the Greeks, cap. IX, p. 70.

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